Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevou a taxa de juros em 0,75 ponto percentual – o que era esperado pela maior parte do mercado. Com isso, a taxa de juros americana passou do intervalo de 2,25% a 2,5% ao ano para 3% a 3,25%. No entanto, o tom duro de Jerome Powell, sinalizando aumentos para as próximas reuniões, com corte nos juros somente em 2024, surpreendeu o mercado.

Segundo analistas ao CNN Brasil Business, o Fed indicou que vai seguir firme na busca pelo controle da inflação, o que agrava a situação dos EUA em meio a uma possível recessão. “A inflação está muito elevada, estável em 8% há alguns meses e sem sinal de desaceleração efetiva, e isso faz com que o Fed tenha que se movimentar com mais intensidade”, afirmou o especialista CNN Sérgio Vale.

“Muito provavelmente a gente vai continuar vendo altas dessa magnitude. Estamos caminhando para um cenário recessivo, isso provavelmente vai acontecer nos EUA e na Europa, que está mais atrasada em relação ao aperto dos juros e tem uma inflação muito mais grave que a americana”, destacou o economista.

Para Antonio van Moorsel, sócio e chefe do Advisory da Acqua Vero Investimentos, o tom adotado por Powell foi pior que o esperado em relação à desaceleração da escalada dos juros, o que traz consequências negativas para os mercados, mas positivas sobre o fortalecimento do dólar.

“A decisão do Fomc era esperada pelos agentes e o comunicado registrou pouca alteração. No entanto, a revisão das estimativas oficiais do Federal Reserve para a economia norte-americana surpreendeu os mercados ao projetar a deterioração do cenário. O grande destaque é a sinalização de que o comitê não projeta cortes para o próximo ano, contrariando o consenso de mercado”, pontuou.

De acordo com Moorsel, o comunicado do presidente do banco central americano também afeta o Brasil, que deve receber menos entrada de capital estrangeiro em meio à incerteza e aversão ao risco dos investidores.

“A revisão baixista para a atividade, apesar de não surpreender, fortalece o cenário de desaceleração da maior economia do mundo. A conjuntura, favorável à valorização do dólar, tende a reduzir o fluxo de capital estrangeiro para os países emergentes, caso do Brasil. Enquanto o Copom sinaliza o fim do ciclo de alta, o Fomc indica disposição para ir até onde for preciso para domar a inflação galopante”.

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Com os indicativos de Powell, o fim do aperto monetário nos Estados Unidos passou a melindrar o mercado na visão de Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed.

“O tom veio bem hawkish. Estamos vendo agora o mercado tentando digerir até onde os juros vão. No momento da divulgação, os ativos de risco sofreram porque também tivemos nos últimos dias um mercado muito otimista”, destacou.

“O que a gente espera é que provavelmente o Fed acabe o ano com os juros entre 4,25% e 4,5% e leve até os 5% no começo do ano que vem e é onde a gente espera que ele pare. Podemos esperar mais uma alta de 75 p.p em novembro e 50 p.p em dezembro”, acrescentou.

A expectativa do Comitê é que a inflação convirja para a meta de 2% em 2025, mas, na avaliação de Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, a trajetória de juros indicada pelo Fed não parece suficiente para trazer a inflação para a meta em um horizonte próximo.

“Na nossa visão, um aperto monetário mais intenso, e consequentemente uma desaceleração também mais intensa da atividade, seriam necessários para que esse objetivo fosse alcançado”, afirmou.

Segundo ela, a mediana das projeções aponta para taxa de juros de 4,4% (1 ponto percentual acima da projeção de junho), o que sinaliza mais um aumento de 0,75 ponto percentual em novembro e mais 0,50 p.p. em dezembro.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Fed tem decisão esperada, mas continua em tom duro para o futuro, dizem especialistas no site CNN Brasil.

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