Desde 1980, o Brasil vem perdendo representatividade no Produto Interno Bruto (PIB) mundial, segundo mostra o levantamento encomendado pelo CNN Brasil Business à Austing Rating, com base nos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A série histórica do órgão, iniciada em 1980, mede a participação do país no PIB global por meio do PPC — paridade de poder de compra. Ou seja, uma métrica que serve para comparar as moedas de vários países por meio de um índice para o poder de compra.
De acordo com o ranking, que priorizou os países latino-americanos, o Brasil sempre esteve no topo, porém vem registrando sucessivas quedas na participação ao logo dos anos.
Segundo Gabriel de Barros, economista-chefe da Ryo Asset, o desempenho do Brasil está desenvolvendo abaixo da média de outras nações e isso faz com que o país perca a representatividade, década após década.
“O Brasil está numa armadilha de baixo crescimento. Toda a América Latina fez o primeiro movimento de saída da pobreza a caminho para a renda média, porém não conseguem sair da renda baixa”, explica Barros.
Para o economista, os países desta localidade ficam andando em círculos, não conseguem migrar para uma renda alta. “Isso é um problema essencialmente de driver de crescimento econômico, o que está muito ligado às instituições políticas e com a qualidade da política econômica que está sendo implementada ao longo dos anos”, aponta.
Carlos Braga, ex-diretor do Banco Mundial e professor da Fundação Dom Cabral, Nos anos 80 o Brasil passou por uma crise da dívida externa. Braga explica que naquele momento, o país teve dificuldades com a questão de capacidade de financiamento, sendo obrigado a que entrar em programas com o FMI. “Estes programas tentam impor ao país uma política de austeridade fiscal, e isso diminui a taxa de crescimento e aumenta o desemprego no curto prazo, porém é uma forma de recuperar a sua capacidade de pagamento”.
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Braga faz uma análise entre 1997 a 2021 e mostra que a economia brasileira cresceu, em média, 2,2% do PIB. Porém, se considerar a situação do mundo na totalidade e pensar em termos de renda per capita, de 1970 até 2019, o país cresceu 1,7% ao ano.
Hoje o Brasil não tem esse problema, pois conseguiu controlar. Mas, o economista afirma que existe um problema de dívida doméstica que vem crescendo. “A dívida pública brasileira está aumentando significativamente e este custo impacta no aumento da taxa de juros”, diz.
Perspectivas para o futuro
Barros diz que os brasileiros vão continuar vendo PIB desacelerando, uma vez que o país está com o juro alto, ao contrário do juro negativo do mundo. “O BC subiu os juros e vai segurar esse patamar por um bom tempo até que a economia desacelere. E isso já está acontecendo”.
Porém, uma saída apontada pelo economista é via reforma tributária. “O Brasil é uma economia muito fechada, por isso precisa abrir a economia de forma eficiente. Mas, não dá para fazer abertura econômica com esse sistema tributário”, acredita Barros.
Na visão de Braga, ou o país aumenta os impostos — que já tem uma carga tributária elevada — ou vai pagar e ter que fazer cortes orçamentários e definir suas prioridades. “Se o governo quer uma bolsa família de R$ 600, o ideal seria fazer cortes para permitir que a tributação permita financiar esses gastos. Caso contrário, a desaceleração vai continuar daqui para frente”, destaca.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Brasil tem hoje a menor participação no PIB mundial desde 1980, segundo FMI no site CNN Brasil.
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